A ideia da FPCUB era simples mas eficaz: aproveitar o evento “Lisboa Bike 2007”(LB) para atravessar a ponte Vasco da Gama (em versão “para duros” bem entendido).
Em tempo útil, José Caetano, presidente da FPCUB, efectuou as demarches necessárias para o efeito e a autorização surgiu: poderíamos atravessar após os participantes no LB o terem feito. Obviamente que não tínhamos interesse em “atravessar por atravessar” e daí se compor uma circum navegação ribeirinha que incluía outra ponte além da citada e uma distância quilométrica condigna que se situasse nos 80 kms.
A ponte Marechal Carmona, que cruza o Tejo em Vila Franca de Xira foi o outro grande momento da jornada, porventura mais agradável até, já que não há nada como pedalar com o vento pelas costas…
Mas vamos por partes.
A jornada exigia rolar rápido por isso nada melhor do que uma máquina de asfalto. Como a mesma não estava disponível optei por um compromisso interessante: duas rodas 700 (28 pol.) com pneu fino e cassete 11/23 a deixarem a BTT algo semelhante a uma asfáltica pura. De facto, quem dispõe de travões de disco tem esta possibilidade que nos pode fazer rolar mais rápido e com menos esforço do que as pouco adequadas 26 polegadas mesmo que igualmente equipada com pneu fino.
Juntamente com o Jorge Manso e o Rui Sousa faríamos parte do "staff" de apoio ao evento (equipa "000" e colete verde fluorescente). Combinei com o primeiro um encontro num deserto Terreiro do Paço, pelas 06:30 e seguimos em direcção ao Parque das Nações. Num ápice aqueles 10 kms. foram devorados. O Jorge com a preparação adquirida no Transportugal e a máquina de asfalto é a locomotiva ideal, basta colar na roda e aí vamos nós.
O ponto de encontro, de partida e de chegada situava-se junto ao IPJ e à Pousada de Juventude, perto da estação de Moscavide. Partimos com 20 minutos de atraso. Tive a oportunidade de me dirigir aos presentes, através do microfone, apresentando as boas vindas em nome da FPCUB e de explicar como se iria desenrolar o passeio. Porém, ao lhes ter afirmado que o ritmo iria ser "descontraído", estava longe de imaginar que não seria tanto assim. De facto havia quem estava preparado para o que iria encontrar e quem, pelo contrário, estivesse claramente impreparado. Nem sequer se podia dizer que era um problema de "maquina" pois sempre andaram muitos betetistas de "pneu gordo" na dianteira (já para não falar das "rodinhas" dos modelos dobráveis "Dahon" e afins) mas, tão somente, de preparação física.
Todavia foi interessante vislumbrar aquele mar de gente (ciclistas) alinhados para partirem. Eram quase um milhar entre máquinas de asfalto, de BTT puras (pneu gordo) ou "impuras" (pneu fino), bicicletas desdobráveis, city bikes, tandems, etc. Maioritariamente masculino o pelotão contava, ainda assim, com algumas mulheres em número significativo.
Acho que, de futuro, será necessário avançar com dois níveis de andamento, já que se torna complicado, para quem não se sente capaz de seguir na dianteira, gerir a sua participação. É que, não obstante o esforço dos batedores da BT / GNR e dos nossos amigos "Motards do Ocidente", é impossível manter os cruzamentos bloqueados por muito tempo. No entanto, uns e outros, fizeram um excelente trabalho.
Seguía com o Jorge na dianteira mas, na zona de Santa Iria, resolvemos encostar e aguardar a passagem para encontrarmos o Rui que fechava o passeio. Foi impressionante já que, durante mais de cinco minutos passaram ciclistas e, no final, ainda alguns tinham ficado para trás com avarias. Muitos recolheram ao Bus que acompanhava o passeio para o retomarem em Alcochete optando por, à falta de forma física, percorrerem apenas os quilómetros finais da travessia. Também neste local se juntaram muitos outros apenas para essa derradeira distância.
Depois foi o diabo para recolar de novo na dianteira. Foi um sprint quase constante até lá à frente.
Foi somente na "recta do Cabo" (Xira – Porto Alto) quando parei na berma por causa de um incontornável "apelo da natureza" que constatei a velocidade a que se avançava. Naturalmente que o vento pelas costas ajudou bastante. A seguir ao Porto Alto foi tempo de reagrupar, todavia, dali até ao parque do Freeport Alcochete, reparei que a diferença entre os primeiros e os últimos foi cerca de quinze minutos o que, convenhamos é eloquente!
Apesar de não seguir com uma "asfáltica puro sangue" senti que a configuração BTT + roda 700 + pneu fino permite uma performance em asfalto que não é despicienda. De referir que o atraso da partida (quase meia hora) foi recuperado pelos primeiros que chegaram à hora prevista a Alcochete (impressionante).
No parque do Freeport foi altura de reagrupar e de aguardar a autorização para a passagem da Ponte Vasco da Gama. Antes, porém, foi tempo de circular pelo centro da taurina Alcochete e na sua avenida marginal e rolar em direcção ao Samouco na estrada das salinas. Entrámos pelo acesso de serviço na A12 e rapidamente estávamos no tabuleiro da ponte. Primeira constatação: o vento que nos empurrara tão rápido na "recta do Cabo" a soprar frontal agora (quadrante NW) e a dificultar um pouco a missão. Todavia, o mais curioso, foi o "fim de festa" do LB: destroços das "bicicletas" em quantidade e "ciclistas" extenuados após a primeira subida provando que o hábito não faz o monge!
O final não foi muito interessante em virtude da mistura com os participantes do LB o que retirou algum brilho e gerou alguma confusão. Porém tal não foi suficiente para retirar todo o brilho ao evento.
Certamente quem nele participou não o esquecerá.