Comunicado
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) lamenta a morte por atropelamento de um jovem de 20 anos, utilizador de bicicleta, ocorrida dia 28 de Fevereiro pelas 8h35 em Arcozelo, Gaia, na rotunda da Avenida D. João II, tendo sido colhido por um camião de 40 toneladas que transportava areia, tal como foi noticiado na edição de 29 de Fevereiro do Diário de Notícias. Segundo a mesma notícia, a vítima foi arrastada cerca de 7 metros, tendo sido necessário proceder ao seu desencarceramento por ter ficado preso na roda traseira e, “segundo a GNR, apesar de não estarem ainda apuradas as causas, o acidente terá ocorrido por descuido do ciclista. Devido ao peso do camião, o condutor não se apercebeu imediatamente do sucedido”.
Em
Em consequência desta notícia, a FPCUB, através da sua delegação no Porto, apurou que o jovem utilizador de bicicleta, que se deslocava para o trabalho, circulava dentro da rotunda onde, segundo o Código da Estrada, lhe é cedida a prioridade. O camião vindo da A29, com uma descida acentuada e com um sinal de cedência de prioridade à entrada da rotunda para seguir pela EN109 em direcção a Aveiro, não tendo respeitado o sinal de cedência de prioridade, nem a prioridade da bicicleta, imobilizou-se apenas 30 metros de distância do local do embate. Em acidentes entre bicicletas e veículos pesados, que culminam habitualmente com a morte trágica do condutor do velocípede, tem sido comum os condutores dos pesados afirmarem que não se aperceberam da presença da bicicleta. A FPCUB lamenta que este argumento, várias vezes usado, sirva de desculpabilização ou justificação para o ocorrido nesta e noutras situações. Mais, expressa a sua indignação pela ligeireza com que foi imputada a responsabilidade ao utilizador de bicicleta por um “descuido”, ainda antes de apuradas as causas do acidente, supostamente relatada pelo agente da GNR que prestou declarações ao DN. Tal como foi noticiado, a bicicleta encontrava-se dentro da rotunda aquando do choque com o camião. Exige-se, portanto, um esclarecimento cabal das responsabilidades de cada um dos intervenientes no acidente já que à bicicleta, sendo-lhe conferida a prioridade, não pode ser responsabilizada previamente. É de louvar a atitude cívica de todos aqueles que se deslocam de bicicleta diariamente nas cidades portuguesas, pelo contributo que dão à sustentabilidade do ambiente e da mobilidade correndo, ainda assim, sérios riscos. A FPCUB exige uma vez mais que sejam tomadas medidas sérias de fiscalização e contra-ordenação de veículos que desrespeitam os outros utentes da via, em especial os mais desprotegidos como os utilizadores de velocípedes. Continua a ser necessária uma consciencialização de que a via pública deve ser utilizada com respeito pelos outros utentes, mas parece cada vez mais necessária a imposição de medidas restritivas à circulação dos veículos motorizados mais consentâneas com a segurança rodoviária, nomeadamente a redução das velocidades de circulação. Lisboa, 29 de Fevereiro de 2008