“Promoção da bicicleta urbana a pedalar com a própria energia”

COMUNICADO

Promoção da bicicleta urbana a pedalar com a própria energia

Na sequência das notícias que colocam em causa o projecto das bicicletas partilhadas em Lisboa, vem a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB), defender que a promoção do uso da bicicleta a pedal deve ser uma constante das políticas de saúde, de mobilidade, de energia e da sustentabilidade. Desta forma promove-se o movimento físico e a deslocação diária utilizando a sua própria energia, desincentivando o consumo de combustíveis fósseis importados e poluentes.

Os lisboetas têm grande expectativa na existência de uma rede de bicicletas partilhadas na cidade de Lisboa como já existe em Paris, Londres, Bruxelas, Toulouse, Lion, Barcelona e Sevilha, por exemplo.

Quando a implementação da prometida rede já peca por tardia, somos confrontados com declarações do Vereador da Mobilidade da CML que refere uma nova ideia da CML de disponibilização de bicicletas eléctricas para turistas na zona ribeirinha, limitando a partilha a um único local da cidade e para uma utilização turística.

Confunde-se assim o essencial para ajudar a solucionar os problemas da mobilidade em Lisboa e dar resposta a todos aqueles que pretendem usar bicicletas de uso público e partilhado. A rede não foi pensada para lazer e não deve ser exclusivamente para esse fim, à semelhança do que foi feito nas cidades referidas.

Não nos podemos esquecer que a electricidade é poluente. Além disso propor uma rede de bicicletas eléctricas para circular numa zona plana é promover a preguiça, contribuindo para a obesidade que alastra em Portugal.

Mais de metade da electricidade é produzida recorrendo a combustíveis fósseis ou nucleares (importada de Espanha e França). Incentivar o uso de electricidade é ̶ quer queiramos, quer não ̶ uma forma de promover o consumo de energias fósseis. É fazer aumentar a nossa factura energética, é aumentar a nossa dependência face ao exterior. É contribuir para aumentar o nosso crónico deficit da balança de transacções correntes, é endividar ainda mais o País. É ajudar a que Portugal tenha ainda mais dificuldades para cumprir os compromissos internacionais em termos de emissões de gases poluentes.

A exploração de uma rede de bicicletas partilhada deve-se sustentar a ela própria, com receitas provenientes quer dos utilizadores, quer da publicidade. A autarquia terá de dar resposta, primeiro aos seus munícipes e ainda potenciar a utilização turística, compatibilizando o bom uso do espaço público. Velocípedes com motor devem circular em estrada.

Velocípedes com motor e bicicletas são assuntos distintos. Tratar de forma diferente o que é diferente. A promoção da bicicleta deve estar restrita apenas às que funcionam com a energia da pessoa e nunca para promover mobilidades pseudo-sustentáveis.

Recordemos o protocolo entre a FPCUB e a CML, onde se afirma: considera “que devem ser facilitadas as condições de mobilidade dos utilizadores de bicicleta bem como dos seus potenciais utilizadores, por forma a garantir o acesso a escolas, locais de trabalho, serviços públicos, zonas de lazer, etc.”. Ambas as entidades estimam ainda que “a bicicleta é um modo de transporte a privilegiar e deve fazer parte de uma política de diminuição da poluição atmosférica”.

 

Lisboa, 3 de Outubro de 2011

FPCUB