A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) reconhece a gravidade da crise pandémica que Portugal e o resto do mundo atravessam e apela aos seus associados, aos utilizadores de bicicleta e a todos os portugueses que cumpram as determinações e recomendações do Governo, das Autoridades de Saúde e da Direção Geral de Saúde.
Como tem sido repetido, o distanciamento social e o confinamento profilático das pessoas nas suas casas são indispensáveis para abrandar a transmissão do vírus. Abrandar a propagação da doença que este provoca, conhecida como COVID-19, é fundamental para prevenir uma sobrecarga dos serviços de saúde que poderia levar à sua rutura, não esquecendo que a esta sobrecarga especificamente gerada pelo vírus, somam-se todas as demais patologias e necessidades de cuidados que também concorrem, em simultâneo, para os mesmos serviços de saúde.
A FPCUB também compreende que é necessário tomar medidas para reduzir a exposição ao risco de infeção dos trabalhadores que asseguram os serviços de mobilidade e de transporte. Essas medidas podem implicar alguma inconveniência para aqueles que desejariam ou necessitam de utilizar esses serviços. Perante a situação de pandemia, cabe-nos colaborar coletivamente com essas medidas e adaptar as nossas vidas neste período excecional que desejamos curto. O cumprimento desse desejo e muitas vidas dependem da colaboração, do esforço, da solidariedade e da responsabilidade de todos.
Desta forma, consideramos que, neste momento, todos devem limitar as suas deslocações, incluindo as deslocações de bicicleta, àquilo que é essencial e inadiável, como sejam a atividade profissional, para quem esta não dispensa a deslocação, o abastecimento de alimentos ou medicamentos, ou a prestação de apoio a familiares que dele necessitem.
Mais acrescentamos que, a bicicleta, tal como todos os outros modos de transporte, só deve ser utilizada em deslocações justificadas e que não coloquem em risco a integridade física do utilizador de bicicleta ou de terceiros. Nesta fase, qualquer incidente que exija a utilização de um serviço de saúde estará a concorrer com os recursos necessários para combater a pandemia. Temos todos, enquanto comunidade, de ceder nos interesses pessoais, evitando correr riscos evitáveis. A FPCUB não incita, portanto, à utilização massiva da bicicleta neste contexto excecional no qual vigoram medidas excecionais. Como tal, apelamos aos resguardo e contenção, para todos os utilizadores da bicicleta serem efetivamente ativos contribuidores da favorável evolução das condições de saúde pública.
A FPCUB vem, contudo, alertar para o preconceito muitas vezes injustamente propagado, não considerando a bicicleta como meio de transporte. Relembramos por isso que as deslocações estritamente necessárias e inadiáveis podem ser efetuadas em bicicleta, tal qual, com recurso a outros modos de transporte, pelo que não consideramos que deva ocorrer nenhuma discriminação negativa da bicicleta.
Por outro lado, a FPCUB tem consciência das particularidades dos sistemas de mobilidade partilhada e alerta para o facto das bicicletas, trotinetes e outras soluções de mobilidade partilhada implicarem a utilização, em rotatividade de utilizadores, com manuseamento de manípulos, guiadores e superfícies várias, que sabemos não serem facilmente controláveis em termos de higienização e desinfeção. A este facto acresce a dispersão de bicicletas ou trotinetes pelo espaço público, o que, implica dificuldades acrescidas na logística sanitária de eventuais ações de desinfeção que terão de ocorrer caso estes sistemas estejam em operação. Este também não é um momento para, a propósito de acidentes que por vezes ocorrem, os utilizadores de bicicleta serem mais um elemento de eventual pressão sobre os profissionais de saúde.
Apenas as entidades que gerem os sistemas de mobilidade partilhada poderão avaliar com algum rigor a existência ou não de condições para a manutenção dos sistemas em funcionamento, no contexto das especificidades de cada um. Assim, a FPCUB apoiará as medidas que se julguem necessárias para garantir a proteção da saúde dos utilizadores, dos trabalhadores dos serviços de mobilidade partilhada e do público em geral nesta altura crítica da evolução pandémica. Além destes sistemas, inadvertidamente, poderem constituir meios de propagação do vírus, nesta hora de decisões difíceis, a FPCUB considera importante não contribuir para mais uma solicitação sobre os serviços de saúde.
Concluindo, a FPCUB faz um apelo público, desaconselhando todas as deslocações evitáveis ou adiáveis, esperando que se proteja a si e aos outros, com votos de esperança para que este período de tempo seja tão célere quanto possível.
Mais informação oficial em: fpcub.pt dgs.pt covid19estamoson.gov.pt |