MOBILIDADE SUSTENTÁVEL E A BICICLETA EM LISBOA
A Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB) organizou no dia 15 de Julho de 2009 um forum de debate entre as 16H00 e as 20H00 no CIUL (Picoas Plaza) que contou com mais de 100 participantes, em que foi feita uma análise das condições de utilização das formas de mobilidade suaves em conjunto com os transportes públicos como é o caso da utilização da bicicleta e do andar a pé.
A FPCUB promoveu este Forum de forma a dialogar com os cidadãos interessados, outras associações da sociedade civil, autarcas, operadores de transporte e comerciantes sobre os benefícios de uma cidade diversificada, mais moderna e cosmopolita onde todos os modos de transporte coabitem em segurança.
O associado Nuno Xavier
Numa altura em que, nomeadamente em Lisboa, se acentua uma discussão para a mobilidade e para o automóvel e se contesta a criação ou melhoria de condições para os utilizadores de bicicleta e para os peões, seja através da criação de vias cicláveis, seja pela libertação de espaço público ocupado por automóveis, ou ainda pela redução das velocidades dos veículos/acalmia de tráfego, permitindo a partilha da rede viária em segurança (redução de vias de circulação, trânsito num só sentido ou encerramento de praças ao trânsito), a FPCUB considera que pode haver algum desconhecimento dos exemplos de sucesso que têm sido concretizadas noutras cidades europeias. Espaços como a Praça do Comércio devem ser entendidos como elementos nobres equiparadas às grandes praças das cidades europeias e até aos fora das cidades romanas não podendo ser reduzida a um mero nó rodoviário tanto que está bem servida por um interface de transportes públicos trimodal.
A bicicleta enquanto meio de mobilidade urbana proporciona mais proximidade, segurança e qualidade de vida, potenciando o comércio local e o turismo. Adicionalmente quanto menos automóveis e mais pessoas circularem na cidade (a pé ou de bicicleta) mais seguras e respiráveis se tornam as suas ruas atraindo ainda mais pessoas.
É um engano pensar-se que mais automóveis a circular à porta dos estabelecimentos comerciais (e que não param) induzem mais compras. O comércio de rua deve transformar-se em centros comerciais ao ar livre com pessoas a circular e não automóveis, ainda para mais num clima como o nosso, onde as esplanadas abertas podem ser um chamariz. A Av. Duque de Ávila irá beneficiar com a sua pedonalização e ciclabilidade. Certamente concordarão que o fecho da Rua Augusta aos automóveis aumentou o comércio nessa rua.
O automóvel continua a ser, na maioria das cidades portuguesas, o principal responsável pela ineficiência ambiental e pelo incumprimento das metas do Protocolo de Quioto, em resultado das emissões de gases com efeito de estufa provenientes do sector dos transportes. O automóvel é também o principal responsável por congestionamentos e ocupação de ruas e praças, originando dificuldades de mobilidade que atrasam o normal desenrolar da vida nas cidades.
A utilização da bicicleta em meio urbano em detrimento do automóvel é também uma excelente forma de melhorar a saúde das populações combatendo a obesidade.
Quanto maior a importância da bicicleta nas deslocações urbanas mais seguro se torna andar de bicicleta conforme se pode consultar (https://www.fpcub.pt/portal/documentos/ecf1,ecf2.pdf) em que cidades com utilizações de bicicleta superiores a 10% são as que têm menor índice de sinistralidade. No “Público” de 23 de Junho referenciava-se a mortalidade rodoviária em Lisboa, como sendo a mais alta da União Europeia (4,3 por cem mil residentes) quando em cidades em que o uso da bicicleta é significativo esses valores descem para metade.
Não se compreende a promoção da qualidade de vida nas cidades, o comércio local e o repovoamento dos centros históricos sem a introdução da bicicleta como elemento de pleno direito na mobilidade urbana.