Resposta ao Ver. Ruben Carvalho p/ associado Agostinho Miranda, Jurísta, à publicacão/Expresso 17/10

RUBEN, EINSTEIN E O CASO DA MÁQUINA DEFICIENTE

Ruben de Carvalho é um homem de convicções fortes. 60 anos depois de Einstein ter chamado à bicicleta “a mais nobre das invenções”, o edil lisboeta descreve-a como “uma máquina com deficiências tecnológicas”. Por isso, acha (Expresso nº 1929, de 17 de Outubro) que o “improvável tema” da utilização de bicicletas em Lisboa tem dado lugar aos maiores despautérios e “demagogia”. E, vá daí, decidiu pôr alguma ordem na discussão. Como? Declarando ser um “erro absoluto pensar ou sequer insinuar que a bicicleta constitui mais do que um paliativo – positivo, mas paliativo – para o problema da mobilidade em Lisboa”.

O vereador tem direito à sua opinião, incluindo a ousada teoria de que possa haver paliativos positivos e negativos. Mas, sabendo que se trata do mais alto representante da CDU na vereação do município lisboeta, a gente pergunta-se: então não foi o partido Os Verdes (formação que integra a CDU, lembre-se) que em Janeiro deste ano, de uma só assentada, apresentou à discussão na Assembleia da República 3 (três) projectos de lei em defesa da promoção da bicicleta e dos direitos dos ciclistas? A não ser que – e para utilizar a expressão do cabeça de lista da CDU na Câmara –  tudo não passe de “mimosas implicações eleitoralistas” (seja lá o que isso for).