Lombalgia – Dor situada ao nível da região lombar, unicamente a este nível, sem irradiação para as pernas. É o primeiro estádio de gravidade dos problemas situados a este nível.
"Lumbago" – Situação dolorosa da região lombar ocorrida bruscamente após um esforço. É muitas vezes considerada como a consequência do deslocamento do núcleo do disco inter-vertebral. Trata-se do segundo estádio de gravidade: à lombalgia junta-se uma noção de esforço deslocante assim como uma noção de blocagem lombar, desencadeando uma atitude anti-dor (geralmente uma inclinação para a frente).
Lombociática – Á dor lombar junta-se uma dor que segue o trajecto do nervo ciático.
Ciática – Dor muito intensa situada ao longo do trajecto do nervo ciático e dos seus ramos. Encontrá-la-emos, pois, por trás da coxa, depois atrás da rótula ou sobre o seu lado externo. A sua origem está na agressão do nervo ciático, geralmente por uma hérnia do disco intervertebral, quer entre a 4ª e a 5ª vértebras lombares, quer entre a 5ª lombar e a 1ª vértebra sagrada. É o terceiro estádio de gravidade.
Ciática paralisante – Dor ciática acompanhada duma grande deficiência motora e impondo, geralmente, uma intervenção cirúrgica rápida. É o último estádio de gravidade. Não só a hérnia discal irrita a raiz nervosa, mas também o seu volume é tal que empurra o nervo contra a vértebra, comprimindo-o.
Cruralgia – Dor muito viva, da mesma natureza que a dor ciática, situando-se ao nível do trajecto do nervo crural, na parte da frente da coxa nos quadricepes, tendo por origem uma agressão do nervo entre a 3ª e a 4ª vértebra lombar.
Porquê os cicloturistas?
A coluna vertebral é constituída por uma pilha de vértebras separadas pelos discos intervertebrais que são uma espécie de amortecedores naturais. Estes discos são compostos por um núcleo central, uma espécie de bola, cercada por anéis fibrosos concêntricos que o mantêm ao centro do disco. Logo que o processo de envelhecimento se inicia, isto é, entre os 20 e os 30 anos (é verdade, não duvidem!), o núcleo tem tendência a ficar plano e os anéis vão criando fissuras. A cada flexão do tronco à frente, o núcleo terá tendência a ser puxado para trás, tanto mais quanto os anéis estejam fragilizados ou a musculatura para-vertebral lombar esteja enfraquecida. Atrás do disco, ao longo de todo o comprimento da coluna vertebral, caminha o ligamento vertebral comum posterior que liga entre si todas as vértebras. Este ligamento caracteriza-se pela sua grande sensibilidade e causará dor logo que seja agredido pelo prolapso de um disco, donde as lombalgias. A pequena distância deste ligamento (apenas alguns milímetros), ao nível de cada espaço inter-vertebral, sai um par de nervos. Ao nível lombar, sai o nervo crural e os nervos ciáticos. Uma hérnia discal agredirá, não só o ligamento, mas também o nervo situado na proximidade.
No cicloturismo, onde os seus praticantes são obrigados a longas posições do tronco inclinado à frente e a efectuar esforços intensos, é normal que o centro do disco tenha tendência a migrar para trás. Este movimento natural amplia-se sempre que a tonicidade muscular lombar não seja suficiente para se opor a ela.
Tratamentos
Os medicamentos
Os medicamentos só serão úteis na fase aguda e dolorosa. Eles ajudarão a quebrar o círculo vicioso que se instala em caso de dores lombares: a dor provoca uma contracção reflexa dos músculos lombares o que aumenta a pressão sobre o disco inter-vertebral inflamado, o que provoca um aumento de dor, e assim por diante. Um cocktail medicamentoso composto de analgésicos (para diminuir a dor), de antiinflamatórios (para fazer diminuir o volume do disco inter-vertebral) e de relaxantes musculares (para fazer ceder a contracção das massas lombares), será frequentemente prescrito.
A mesoterapia
Esta técnica consiste na injecção subcutânea de pequenas quantidades de medicamentos em diversos pontos directamente no sentido das dores. Associa-se na mesma seringa um antiinflamatório e um anestésico para acalmar a dor inicial e a dor causada pelas injecções. Uma só sessão poder ser suficiente para acalmar uma lombalgia além de que o líquido manter-se-á activo vários dias até ser reabsorvido e será activo durante este período.
O repouso
Cada vez mais se recorre à imobilização relativa, evitando movimentos dolorosos. Estudos recentes provaram que o repouso não acelera a evolução das lombalgias.
As massagens
Agirão sobre a componente muscular da lombalgia, reduzindo as contracções e tendo um efeito sedativo sobre a dor. Serão sempre acompanhadas de calor e não deverão nunca ser dolorosas.
As manipulações
Podem revelar-se muito úteis sobretudo se as lombalgias são devidas a pancadas ou esforços violentos. Se um traumatismo qualquer provocou um deslocamento, é lógico pensar que uma força exercida em sentido contrário reporá a situação inicial. Isto será menos evidente se as dores forem crónicas ou se são devidas a um processo degenerativo (artroses). As manipulações são acompanhadas muitas vezes (mas não sempre) dum estalido. Embora esperado este barulho só satisfaz o manipulador inexperiente e o doente que julga ter a prova de que alguém pôs as coisas no seu devido lugar. Este barulho é o resultado da manipulação e nada mais. Não significa, portanto, que a manobra tenha tido êxito e seja eficaz. O seu efeito placebo é, todavia, certo e proporciona um bem estar físico inegável, não obstante nem sempre suficiente.
Se o mal persiste ou se agrava depois de várias sessões, é necessário parar o tratamento e aprofundar o diagnóstico procurando lesões menos benignas tais como uma grande hérnia discal ou mesmo um tumor.
As manipulações serão contra-indicadas nos casos de situações hiper dolorosas como, por exemplo, na dor ciática intensa com processo inflamatório. Nestes casos é aconselhável aguardar os efeitos dos medicamentos combinados com o resultado das massagens para que a osteopatia seja verdadeiramente eficaz e sem perigo.
Como todas as terapêuticas da moda, a osteopatia criou um sem número de charlatães. Uma formação séria em osteopatia requer cerca de 1.500 horas e destina-se somente a médicos ou cinesiterapeutas.
A consulta de um estagiário que se atribui a si próprio o título de osteopata após algumas semanas de formação ou, pior ainda, de um endireita com conhecimentos totalmente empíricos, pode ser causa de graves dissabores, de ineficácia ou de acidentes sérios.
Uma manipulação demasiado brutal, mal feita, ou sobre uma zona de risco, pode provocar uma lesão da espinal medula, ocasionando uma paralisia. Nestes casos, uma intervenção cirúrgica delicada é a única terapêutica a ser levada a cabo. Tem, além disso, de ser executada com urgência e em local especializado.
A reeducação
Será particularmente indicada nos casos das lombalgias que ocorram no decurso de um esforço ciclista. Consistirá, essencialmente, no reforço da musculatura lombar. Em todo o caso é preciso esperar que as dores se dissipem para que se comece a trabalhar eficazmente. Esta reeducação deverá ser progressiva e respeitar o limiar da dor.
Fonte: "Cyclotourisme" – FFCT (Federação Francesa de Cicloturismo)
Texto de Jean-Louis Rougier – Cinesiterapeuta do desporto